sábado, 20 de abril de 2019

A HISTÓRIA E AS ORIGENS DA FAMÍLIA MARRA

Meus motivos de não me converter ao Judaísmo antes de você tomar uma atitude estude primeiro.

A HISTÓRIA E AS ORIGENS DA FAMÍLIA MARRA

Pesquisa original realizada por Flávio Rogério Ribeiro de Sá Cohen, ampliada e atualizada por Mariel Márley Marra

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por objetivo trazer informação sobre a história e as origens da família Marra. Trata-se de uma ampla pesquisa em fontes bibliográficas e sites da internet, tendo em vista colher dados suficientes sobre esta augusta família de origem judaica, a qual pela Graça de Deus cresceu e se espalhou pelo mundo, chegando até o Brasil fugindo da terrível inquisição na Europa por volta dos séculos XV e XVI.

ORIGENS DA FAMÍLIA MARRA

Trata-se de uma família de origem judaica, parte italquita (judeus da Itália) e parte sefaradita (judeus de Portugal e Espanha).

A única referência existente da mesma com tal sobrenome deve-se ao fato de que seus ancestrais se estabeleceram na Itália ao fugirem da inquisição espanhola por volta dos séculos XV e XVI; Onde acabaram ficando conhecidos unicamente como MARRA.

De acordo com alguns genealogistas, o sobrenome Marra tem origem em Nápoles, na Itália. Alguns membros dessa família foram para Portugal, tal como Andrea Marra (André Marra), que foi violinista e compositor, napolitano, que foi para Lisboa, contratado para o serviço da Câmara e Capela Real, a partir de 1750.

MARRA em termos gerais significa clareira em olivais ou em vinhedos, sendo que também é a parte do instrumento cortante, oposto ao gume, fio da lâmina. Desse modo deu-se também origem a expressão popular “na Marra”, a qual significa algo feito geralmente com muita garra e força de vontade.

No tocante a origem da linhagem israelita desta família é possível verificar que durante muito tempo na Espanha este sobrenome de família formava na verdade um sobrenome composto, constituindo uma única família ligada aos Lopez, sendo que isso ocorreu antes de alguns membros dessa mesma família fugirem da Espanha para escapar da inquisição e se estabelecerem na Itália.

O sobrenome composto era formado pela união de uma palavra proveniente do hebraico com uma palavra proveniente do castelhano, qual seja: MARRA-LOPEZ.

Percebe-se que tal sobrenome constitui um apelido de família adotado por um ramo dos antigos LOPEZ / LOPES espanhóis e nesse caso constata-se que a origem da família MARRA tem sua ligação como sendo parte da história da família LOPEZ  / LOPES, que na verdade também é uma referência a antiga história judaica sefaradita da família MARRA.

Sobre a família LOPEZ / LOPES sabe-se que são sobrenomes de comprovada origem judaica sefaradim e anussim, sendo seus membros descendentes da fusão de um ramo da família Ha-Levy (Levitas) com uma família originária da antiga tribo de Benjamim (Benjamitas).

O núcleo original da família surgiu na cidade de Toledo, onde estavam divididos em quatro ramos, que adotaram, por volta do século XIV, os seguintes sobrenomes compostos, formados por palavras hebraicas e espanholas: Abenlupiel, Abenlupe, Abenlopi e Levy-Lobo.

A origem judaica dessa família está ligada a antiga tribo de Benjamim e ela é explicada pelo comentário do sábio judeu sefaradita Abram Ibn Daud, o qual afirma que as cidades de Mérida, Málaga, Sevilha e Toledo teriam sido fundadas por descendentes das tribos de Judá e Benjamim, sendo que sobre isso diz ele: ”Sobre os ancestrais dos Abenlupe, Abenlupiel, Abennunez, Abensala,…,Abenlupiel, Abenlupe, Abenlopi,…, Eram seus habitantes descendentes de Judá e Benjamim, todos vindos de Jerusalém, a Cidade Santa, e não de aldeias rurais!’‘.

Como Lobo em latim é Lopo, eles por derivação acrescentaram o sufixo espanhol “EZ” final, que em Portugal virou ES. Surgindo assim os sobrenomes Lopez e Lopes.

Existem outros ramos dessa família mais ligado ao parentesco sacerdotal, que depois vieram a adotar também o sobrenome comum Lopes, e estes foram as famílias: Levi; Levin; Ley; Loreti; Lorete; Lorette; Loreto.

Na ascendência judaica dos Lopes / Lopez, predominava mais ancestrais originários da tribo de Benjamim sobre os Ha-Levy, sendo por isso que eles adotaram um apelido de família derivado da palavra latina para Lobo = Lopo.

E por que o Lobo? Este era o símbolo do estandarte da tribo de Benjamin quando os antigos hebreus deixaram o Egito, sob o comando de Moshê Rabênú (Moisés, nosso mestre) e montavam acampamento nos desertos. Ali os israelitas vagaram por quarenta anos, sendo o símbolo desta tribo era um Lobo. Logo, por essa razão, nota-se que também que no brasão da família Lopes / Lopez, encontram-se desenhados dois lobos em posição de ataque.

O símbolo do lobo adotado pelos descendentes da tribo de Benjamim, bem como pelos sefaradim e anussim da família Lopes e Lopez, ele está associado à benção dada por Jacó a seu filho caçula antes de morrer, conforme está escrito em Gênesis 49:27: “Benjamim é como um lobo feroz; de manhã devorará a vítima e de tarde repartirá as sobras.”

Já adoção dos sufixos EZ e ES em muitos sobrenomes adotados pelos descendentes de judeus sefaradim e anussim, isso se deve ao fato de que tais sufixos tradicionais EZ/ES eram adotados no final dos sobrenomes pelos judeus, chamados de cristãos-novos após o batismo forçado pela Inquisição na igreja católica.

Ele representa uma antiga sigla usada como código de identificação e de segurança entre os judeus sefaradim / anussim na época das perseguições da inquisição, significando essa sigla judaica à expressão hebraica Eretz Yisrael = Terra De Israel, para indicar que uma pessoa descende do povo de Israel.

Em suma o que se pode depreender é que a família MARRA / MARRAS ( MARRA-LOPEZ) pertence ao conjunto de famílias  marranas ou famílias anussim, descendetes dos antigos judeus sefaradim, que resistiram as ondas de conversões forçadas ao catolicismo, instauradas na Espanha  e Portugal a partir dos progroms, ou matanças coletivas de judeus, entre 1391 e 1411, e que devido a isto fugiram da Ibéria e se refugiaram na Itália para escapar das perseguições da inquisição.

Porem ao se recuar mais no tempo, no período compreendido entre final da Antigüidade e o inicio da idade media (476) até a conquista árabe muçulmana da península Ibérica (711), consegue-se obter mais dados sobre as origens da família MARRA.

Descobre-se, por exemplo, que o atual sobrenome MARRA pode ser o resultado da transliteração da palavra hebraico MARRANEH, que em português significa Tropas, Multidão, Exército, Acampamento, Campo.

No hebraico, sabe-se que o plural de Marraneh é MARRANAYIM / MAHANAIM / MAANAIM, que significa dois acampamentos ou dois exércitos em confronto.

Foi este o nome que Jacó deu a um lugar situado ao oriente do Jordão, onde os anjos de Deus foram encontrá-lo assim que Jacó se apartou de Labão e antes de passar o vau de Jaboque em Gênesis 32:2.

Deu-se também nesse lugar o encontro para estabelecer a linha divisória das tribos de Gade e Manassés conforme Josué 13:26 a 30. Este lugar também foi a porção de terra que foi dada aos levitas (Ha-Levy) de Merari (Josué 21:38). E depois de ser consagrado, este lugar veio a ser cidade fortificada onde Is-Bosete estabeleceu a sede de seu governo (2Samuel 2:8). Davi também se retirou para esta cidade enquanto durou a revolta de seu filho Absalão que se havia apoderado de Jerusalém (2 Samuel 17:24-27).

Outro possível resultado para o atual sobrenome MARRA, segundo alguns genealogistas, tal palavra vem de DELLA MARRA, os quais viviam em Sainte Opportune la Mare, na região da Normandia/França durante o século X. Sendo que o nome original dessa linhagem era ”De la Mare”, foi primeiramente transliterado para Della Marra e finalmente para somente Marra.

Contudo o atual MARRA pode ser também o resultado moderno da transliteração dos antigos sobrenomes judaicos sefaradim em língua berbere MARRACHE/ MARRATXI/MARAXE/MARACHI/MARADJI.

Sendo todas essas variantes do mesmo sobrenome de família, que por sua vez são oriundos da palavra berbere MARAIS, que também é um antigo sobrenome judeu sefaradim do qual derivou todos os acima citados, e que significa primitivamente ”aquele que vem dos pântanos”.

Portanto a provável seqüência correta de transformações fonéticas sofridas por tal sobrenome até chegar ao atual MARRA foi a seguinte:  MARAIS virou MARADJI  que virou  MARRATXI, que se tornou MARAXE que se tornou MARRACHE, que virou MARACHI e que se transformou em MARRAS.

Entretanto, mesmo embora a família judaica sefaradita que adotou tais apelidos para seu sobrenome MARAIS quisesse dar a entender que tal sobrenome era de origem berbere e que significava ” aquele que vem do pântano”, percebe-se que na verdade a origem de tais apelidos de família é hebraico, considerando que o sobrenome hebraico que originou os apelidos mencionados acima tenha sido primariamente transliterado para a língua berbere.

No tipo de transliteração de um sobrenome original hebraico / aramaico usado pelos judeus sefaradim para outra língua procurava-se sempre adotar palavras da língua em questão, as quais preservassem em sua estrutura fonética o radical ou par invariável da palavra equivalente com as consoantes existentes  no sobrenome de família hebraico / aramaico original.

Tal regra era adotada pelos judeus sefaraditas, pois nas línguas semíticas, tais como o hebraico, aramaico, árabe, caldaico, acádico, amhárico ou etíope, etc., quando  os nomes eram grafados na antiguidade, nunca se usavam as vogais, mas apenas as consoantes para transcrevê-los.

E no caso da palavra berbere que deu origem ao sobrenome MARRA /MARRAS e MARAIS, percebe-se que a mesma é o resultado da transliteração da última parte do antigo sobrenome hebraico original BEN-MARAÍ. Ademais, MARAÍ é a forma resumida de MARAIYAHÚ, cujo termo hebraico nas Bíblias em língua portuguesa aprece transliterado como MERAÍAS, cujo significado é ”levantado por Deus”.

Analisando o texto bíblico, verifica-se em Neemias 12:12 que MERAÍAS era o ancestral remoto dos antigos BEN-MARAÍ, que se transformou em MARAIS e possivelmente são atuais MARRAS. MERAÍAS era um dos chefes das famílias sacerdotais ou cohanin que voltaram do exílio e cativeiro  da Babilônia.

Diante do exposto, conclui-se que a família MARRA/MARRAS, quanto ao seu surgimento na antiguidade, trata-se de uma família de origem  sefaradim / anussim descendente em parte dos cohanin (sacerdotal) e em parte da antiga tribo de Benjamim.

Entretanto apesar de serem de origem sacerdotal (cohahin e Ha-Levy), percebe-se que os nomes das famílias que deram origem ao sobrenome MARRA (BEN-MARAÍ, MERAÍAS, MARAÍ, MARAIYÁHU, MARAIS) não são precedidos ou seguidos das expressões Cohen ou Ha-levy, devido ao fato de estes prefixos são por tradição adotados pelos descendentes masculinos dos sacerdotes do Templo de Jerusalém.

Porém até a destruição do Templo pelos romanos no ano 70 D.C, Cohen e Levy, não tinham função de sobrenome, mas eram utilizados para denominar duas das três castas religiosas nas quais se encontra dividido o povo judeu para efeitos de realização dos rituais da liturgia de culto judaico, sendo essa três castas por ordem de importância: Cohen; Levy e Ben Yisrael.

Os Cohen eram aquelas pessoas descendentes diretas do sumo sacerdote Aarão. Os Levy descendem dos sacerdotes auxiliares os levitas que pertencem à tribo de Levy. Os Binei Yisrael ou filhos de Israel englobam tantos os judeus que não conseguem traçar historicamente sua ligação a uma das demais tribos israelitas como aquelas pessoas que se converteram ao judaísmo e que também são chamadas Ben-Abraham, com referência as promessas que Deus fez a Abraão em Gênesis 12: 2-3.

E é justamente devido a essa regra que os nomes adotados pela família sefaradita que deu origem ao sobrenome MARRA, não ser precedido das expressões Cohen ou Ha-Levy, os quais por tradição eram adotados pelos descendentes masculinos dos sacerdotes do Templo de Jerusalém.

Esta regra também é válida para os demais sobrenomes originais das seguintes famílias de origem judaica sefaradim / anussim que são também de linhagem sacerdotal, por exemplo:

Haiym que deu origem por tradução aos sobrenomes Vital, Vidal, Vida, Vivones; Ben-Querós que de origem por transliteração aos sobrenomes Queiroz, Queiróis, Queiroga;
Bar Natahn em aramaico ou Ben Natahn em hebraico e que deu origem por transliteração aos sobrenomes Antunez e Antunes;
Cohen Naar ou Naar que deu origem por tradução de sua última parte (Naar) aos sobrenomes Ribeiro, Ribeira, Ribeyro, Ribeyra, Rivero; Rivera, Vieira, Vieyra;
Betzur que deu origem por tradução ao sobrenome Rocha e por transliteração ao sobrenome Bezerra;
Baruch que deu origem por tradução aos sobrenomes Bento e Batista;
Benveniste que deu origem por tradução ao sobrenome Benvindo;
Beraca e Brakah que deram origem por transliteração ao sobrenome Braga;
Ha-Levy que significa ” O Levita” e que deu origem por transliteração aos sobrenomes Oliveira ( O -L-V), Levi ,Leivas, Lavor e até mesmo Vilela que é La Levi = Alevi, em castelhano e escrito de trás para frente;
Lael que é sobrenome levita e deus origem a Leal que é ele escrito também de trás para frente;
Abenaçaya, Abençaya, Abencaya, Abenasaya, Aben Sala, Açaya, Aça, Asaya, Asa, Çaah , que por transliteração originaram as atuais formas Saa / Sá;
Remaliyaú ou Remalías que deu origem por transliteração ao sobrenome Ramalho;
Bar Rosh que deu origem por transliteração ao sobrenome Barros;
Gattom que deu origem por transliteração ao sobrenome Gato;
Ben Soussan que deu origem por transliteração de sua última parte aos sobrenomes Sosa, Sousa e Souza;
Hazan que deu origem como forma de apelido de família aos sobrenomes Homem, Hombre , Henriques e Henriquez;
Ben Soher que deu origem por transliteração aos sobrenomes Soeyro,Soeiro,Soares,Suares,Suarez e o galego Xuarez;
Faraira que deu origem ao sobrenome Pereira;
Hacohen Lara que por redução deu origem ao sobrenome Lara;
Cohen Cuna que deu origem por redução e fusão de Cohen + Cuna ao sobrenome Cunha;
Sekher (guarda do templo) que originou os sobrenomes Sequerra, Siqueira e Cerqueira, etc.
Deve-se também aqui ressaltar que nas comunidades judaicas de origem sefaradim sempre existiu um número bastante elevado e até maior que entre os ashkenazim, de famílias descendente dos cohanin e ha-levy (levitas).

Professor Sekher.

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